No Prelo com Diego Drummond

No Prelo com Diego Drummond

27-04-21 | Notícias | Faro Editorial |

O jeito Faro de fazer

Primeiro de tudo quero me apresentar para você leitor da Faro. Meu nome é Diego Drumond, atuo na área administrativa e operacional da editora. Eu sou daqueles por trás dos holofotes e na frente das máquinas, e faço parte da equipe que recebe o livro das mãos dos artistas para cumprirmos a missão de replicar inúmeras cópias e distribuirmos aos leitores.

Acho que muita gente que conhece a Faro, que compra e lê os nossos livros, já percebeu que existe um padrão Faro de qualidade nas nossas edições, e hoje eu resolvi contar para vocês um pouco sobre como nós criamos esse nosso modelo de editar e imprimir livros.

E aí vale relembrar o início mesmo da editora, lá em 2012, quando esse sonho começou a ganhar corpo. Quando a ideia de criar a Faro surgiu, o mundo estava mergulhado numa crise – a primeira de muitas que o mercado editorial, e o resto dos setores, iria enfrentar, lembra da marolinha? -, mas naquele momento, a criação de uma nova editora chamou atenção, tanto é que a manchete que saiu no Estadão anunciamos o lançamento da editora foi “Jovens ignoram crise e se unem para criar a Faro”.

Agora o “jovens” já não vale mais, e já estamos enfrentando a enésima crise. E naquele momento, o que nós buscávamos como profissionais que já estavam no mercado editorial há tempos, era algo que nos destacasse dos demais. Eu e o Pedro sempre tivemos o costume de nos encontrar em livrarias para conversar, fazer planejamentos, e ficávamos andando pelos corredores, pegando livros na mão e afirmando que a nossa editora faria algo diferente.

O que notamos nessas incursões é que muitas editoras estavam perdendo qualidade, talvez por desespero com o cenário desfavorável, usando papel mais fino nas capas, tirando verniz, laminações especiais, relevo… As editoras estavam removendo os acabamentos mais “luxuosos” das capas para baratear o livro. Papel não tem tabu. Se você reduz formatos economiza papel, se opta por uma gramatura mais fina, mais leve, diminui o custo – já que o papel do livro é pago por quilo -, usando papéis mais finos e de qualidade inferior, o gasto com a matéria prima era menor.

Percebemos que aquilo estava virando uma tendência de mercado naquele ponto – e era uma forma que as editoras acharam para economizar -, por isso nós decidimos ali algo que virou de certa forma a marca registrada da Faro, andar na contramão e fazer justamente o contrário: se algumas editoras precisaram reduzir a qualidade, nós vamos subir a nossa régua com os acabamentos e procurar o melhor papel para imprimir nossos livros. Começamos a pesquisar então qual papel tinha maior corpo para imprimir livro-texto no mercado, qual dava o melhor contraste com preto sem ofuscar a visão, para uma leitura menos cansativa… e foi aí que chegamos no Pólen Bold 90gr.

Esse é sem dúvida o melhor papel para impressão de livros, com um tom off-white, que aos olhos parece mais amarelado, e que permite a leitura por mais tempo do que a folha branca. Optamos por um papel de gramatura 90, quando a maioria dos livros é impresso com papel 70, 80… isso não apenas ajuda na leitura, mas deixa o livro mais encorpado, mais bonito.

E depois de escolher o papel ideal, decidimos que colocaríamos todos os efeitos possíveis e imagináveis, deixando os designers livres para usar a criatividade, tratando a capa como ela realmente é: a embalagem mais bonita possível para as histórias dos livros. Então foi aí que fizemos dezenas de testes com relevos e pantones especiais, até chegar no que temos hoje.

A ideia era justamente fazer um  livro para que o leitor desejasse aquela edição na sua estante, quisesse ter aquele exemplar nas mãos, que fosse um belo presente, era pra despertar a vontade de ter aquele material físico pelo excelente projeto gráfico e pela história contida nele. O pacote completo!

Então, naquele momento, eu e o Pedro decidimos por isso, e resolvemos seguir esses padrões na editora como forma de entregar um livro superior ao que era média de mercado naquele tempo. Nós hoje temos títulos com três tipos de hot stamping – que é um efeito especial metalizado, que onera de forma pesada o custo de impressão – na mesma capa, como se pode ver no livro Vozes do Joelma. Esse é um baita exemplo! Esse é o tipo de livro que pouca gente faz, e que desconhecemos similar em livros de alta tiragem, por que quem faria três hot stampings na capa de um livro só para dar o efeito de fogo?

Mas a gente entende que é justamente essa ousadia, essa liberdade de criação, e não o quanto vai custar, que fazem a diferença! É isso que permite que aquele livro vire realmente uma peça especial, que seja também uma obra de arte, que tenha muita criação ali, de um designer, de artistas, de pessoas que pensaram o livro também como um material diferenciado para se ter nas mãos, para se querer em casa.

Isso foi um dos grandes diferenciais que ajudaram a Faro a se destacar no mercado e ganhar muito espaço junto às livrarias e aos leitores, e é nosso maior trunfo no campo da produção gráfica: demos liberdade aos artistas e designers, sem limites estreitos vindos da área industrial, assim eles podem criar o que de mais bonito puderem para nossos leitores.

Todas as nossas edições possuem capas com orelhas, todos eles têm também uma impressão no verso da capa… A gente brinca que tem aversão a papel branco, papel foi feito para ser impresso, com arte. E aí o céu é o limite, optar por uma cor especial, tinta ouro, artes especiais, ilustrações, pintamos de acordo com a personalidade de cada livro.

Então essa vontade de transformar o livro numa obra de arte, numa peça para ser também admirada, para ser possuída, presenteada, fez com que criássemos essa personalidade da produção gráfica da Faro, toda diferente, toda especial.

Eu posso te desafiar a avaliar nossos livros! Não tem nenhuma edição aqui que você pega na mão e fala ‘nossa, é banal’. Você sempre verá nos livros nossa personalidade!

Acho que deu para entender um pouco como tudo começou, e logo eu volto pra falar mais sobre esses acabamentos especiais que eu citei, e que aposto que você leitor ficou curioso!

Até o próximo No Prelo!

8 respostas para “No Prelo com Diego Drummond”

  1. Sandroka disse:

    Principalmente nas LCs do grupo de nacionais, em que imperam os autores da Faro, kk, sempre comento essa questão do cuidado com o tipo de papel. Um dos textos mais marcantes do blog.

  2. Davidson Abreu disse:

    História bonita e corajosa. Agradeço pela dedicação e ótimo resultado final do meu livro Tolerância Zero. Realmente fica um produto que o leitor quer ter em mãos.

  3. Jean Russio disse:

    A frase: “Você sempre verá nos livros a nossa personalidade!” é muito verdadeira, quando entro numa livraria identifico um livro da Faro a distância, exatamente por personalidade e por essa identidade. A Faro nasceu para mostrar uma nova perspectiva na qualidade do livro e da literatura. Parabéns !

  4. Cristiane disse:

    Diego, que aula!
    A Faro tem um diferencial ímpar!
    Admiro o profissionalismo de cada funcionário e parceiro. ❤

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