Albert Mathiez, em seu estudo laureado pela Universidade de Sorbonne, analisa as principais revoluções de nossa história
Se os revolucionários de ontem falavam em neoliberalismo, reforma agrária, distribuição de renda e direitos do trabalhador, os de hoje concentram-se em questões de divisões identitárias: raciais e de gênero. Os de ontem combatiam intolerâncias, corrupção e perseguições políticas; os de hoje não se envergonham de fechar os olhos para os escândalos, se for para defender sua causa ideológica. Se é assim, que é que pode haver de comum entre eles? O que querem os revolucionários?
A Faro Editorial lança este mês pelo selo Avis Rara “Fanatismo Ideológico – As origens dos cultos revolucionários” do historiador Albert Mathiez. Neste clássico, publicado na França em 1904, Mathiez apresenta um profundo estudo sobre o fanatismo político, que foi a base para sua tese de Mestrado na Universidade de Sorbonne. Ao examinar os cultos das Revoluções Francesa e Bolchevique, sua obra consegue lançar luz sobre toda a política contemporânea.
Por maiores que sejam as diferenças de conteúdo discursivo entre o revolucionário que combatia o capitalismo com um fuzil e aquele que combate o machismo com um iPhone, a forma do culto que um e outro praticam é exatamente a mesma.
Quem acompanha o noticiário político e cultural observa a imensa variabilidade de formas com que o movimento revolucionário se faz presente. Embora haja, por exemplo, uma relação de identidade entre os antigos trabalhistas e os novos progressistas, o cerne dos respectivos discursos é bem diferente.
Quais são as crenças e práticas comuns dos revolucionários? Segundo Mathiez, todas elas derivam dos teóricos iluministas do século XVIII, principalmente Jean-Jacques Rousseau. E desde então, provou-se que o cerne da revolução é mais do apenas a questão social ou econômica, o poder e a ganância acabam transformando uma ideologia numa obsessão, quase uma nova religião.
Este livro é uma lanterna na selva escura. É uma ferramenta indispensável para quem deseja compreender a era em que vive, saber do que fala e agir com propriedade.
Ficha Técnica
Título: Fanatismo Ideológico – As origens dos cultos revolucionários
Nº de páginas: 176
Preço: R$39,90
Sobre o autor:
ALBERT MATHIEZ (1874 - 1932) foi um historiador francês, mais conhecido por sua interpretação marxista da Revolução Francesa. Polemista vigoroso, argumentou que o conflito de classes a partir da revolução iniciada em 1789 colocou a burguesia contra a aristocracia, e depois contra o proletariado. Mathiez viu a Revolução Francesa como o primeiro estágio crítico do que viria a fomentar, em muitas nações, uma ditadura em nome do proletariado. Ele traz neste trabalho as experiências de quem esteve envolvido com esses eventos, pois foi membro ativo no Partido Comunista Francês de 1920 a 1922. Em 1930, atacado por historiadores stalinistas, foi “condenado” como adversário da revolução proletária. Em sua própria defesa, depois desses eventos de 1930, ele apresentou uma crítica severa do stalinismo.
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